Pesquisar este blog

31/10/2008

Palestras em tempos de crise

A dúvida de muitos palestrantes está no quanto a atual crise pode afetar o mercado de palestras e eventos. A resposta é que pode afetar muito, está afetando e vai afetar ainda mais. Muitas empresas estão revendo e cancelando gastos com eventos já programados e, em função da época do surgimento da crise, irão planejar o orçamento para o próximo ano levando em conta tempos bicudos. Mesmo que o tsuname não passe de marola, o orçamento estará cicatrizado então.

Não se pode culpar os empresários por estarem fazendo mais um ou dois furos no cinto, mas também é bom enxergar que a ameaça é relativa. Palestrantes mais voltados ao entretenimento devem sofrer mais com a crise, já que os eventos puramente festivos serão reduzidos. O panetone de fim de ano também será de marca inferior.

Aqueles que têm uma mensagem puramente motivacional, do tipo auto-ajuda, você pode, você consegue etc., ainda podem ser de alguma ajuda para motivar equipes desanimadas e trabalhando sob ameaça de cortes, mas muitas empresas já estão um pouco cansadas de experiências vazias nesse sentido.

Mas, se o profissional for bom, e não ficar apenas naquele oba-oba vazio de frases feitas tipo alguns horóscopos piegas de jornal, ele poderá ajudar a equipe.

Creio que quem se dará melhor nestes tempos de crise serão os palestrantes capazes de realmente ajudar as empresas a venderem mais, a prepararem suas equipes e a reduzirem seus custos. Neste caso os workshops e treinamentos, mais longos e com mais conteúdo são mais úteis, por não se limitarem ao mero empurrão que normalmente é dado de forma resumida numa palestra. Só que aí entra a questão do preço.

Um palestrante de renome pode cobrar mundos e fundos para falar uma hora, pois sua marca e exposição na mídia, além de seu conhecimento, ajudam a determinar seu preço. Mas quando o assunto é treinamento, o mercado é completamente diferente e nem sempre os palestrantes bam-bam-bam atuam nesse segmento, pois aí estarão concorrendo com as consultorias que dão treinamentos cobrados por hora. Obviamente um palestrante que cobre dez mil reais para falar uma hora em uma palestra não vai poder cobrar 80 mil para falar um dia inteiro. O que fazer?

O jeito é estar consciente dessa diferença e ter um preço adequado para treinamentos. O cálculo é simples: Considerando que ele cobre dez mil para falar uma hora em um dia que provavelmente será gasto exclusivamente para atender aquele cliente, se falar algumas horas a mais isso não precisa necessariamente ter uma influência exponencial no preço. Raramente um palestrante consegue atender mais de um evento em um mesmo dia, principalmente porque a maioria dos eventos envolvem viagens. Dependendo do lugar e do horário do evento, ele pode ter sido obrigado a comprometer um dia para a viagem de ida, um dia para o evento e mais um dia para a viagem de volta.

Portanto, se quiser atuar com workshops e treinamentos, seu preço não poderá ser muito mais do que o praticado para uma palestra de uma hora ou ele ficará astronomicamente fora dos padrões da concorrência que agora inclui também empresas de consultoria sem qualquer exposição na mídia. Mesmo assim o treinamento feito com um palestrante de renome será mais caro do que o de uma consultoria. Será que o cliente concordará em pagar? Minha experiência tem demonstrado que sim, principalmente por causa do efeito McDonald's.

Um amigo que viajava muito por todos os países do mundo costumava dizer que só comia no McDonald's. Não que ele gostasse tanto assim, mas porque sabia o que iria encontrar. Uma refeição em um boteco qualquer da Índia ou Guatemala podia até ser melhor e mais barato, mas sempre seria um risco. Então ele só ia no McDonald's, que às vezes podia sair até mais caro. Eu mesmo gosto de ficar em hotéis de grandes redes por este motivo. Dá trabalho entender o quarto e o serviço de cada hotel, e os quartos e serviços de hotéis de rede são sempre iguais.

Ao contratar o treinamento de uma empresa de consultoria o cliente nem sempre tem a garantia de que o ministrante será bom. Já fui contratado por empresas que tiveram uma experiência ruim em um treinamento anterior, quando contrataram uma grande consultoria internacional e no dia do treinamento apareceu um jovem recém formado sem qualquer experiência. Um desses clientes exigiu que eu colocasse no contrato que seria eu mesmo que ministraria o treinamento, o que obviamente sempre acontece.

Portanto, se você é palestrante, prepare-se para incluir treinamentos em seu cardápio, e se você é empresário lembre-se que em tempos bicudos a concorrência é maior e sua equipe precisa estar melhor preparada do que a do concorrente. Muito melhor.

23/10/2008

Linguagem e público

Em uma visita a um cliente antes de um evento ele quis se assegurar de que eu não falaria palavrões durante a palestra, não faria baixarias, não usaria linguagem apelativa ou imoral e nem causasse constrangimento em pessoas da platéia. Assegurei que não é meu estilo fazer essas coisas.

Antes de cada palestra nas empresas que me contratam eu procuro me policiar com a seguinte pergunta: "Minha apresentação poderia ser vista por pessoas de qualquer idade, sexo, etnia, formação e classe social?". Um palestrante voltado para o público empresarial não pode ter uma apresentação que seja de algum modo imprópria.

Uma vez uma empresa fez questão de conversar pessoalmente comigo antes de me contratar para quatro palestras, pagando todos os custos para essa reunião prévia só para ter certeza de que não se repetiria a experiência que tiveram com outro palestrante no ano anterior. Ele não apenas chegou à empresa acompanhado de uma garota de programa que apresentou como sua "assistente", como fez várias piadas envolvendo a marca da empresa e seus funcionários.

Outra empresa teve o mesmo cuidado por causa de uma decepção no ano anterior, quando o palestrante insistiu em contar várias piadas envolvendo a nacionalidade dos donos da empresa. O constrangimento foi grande entre os funcionários, que não sabiam se podiam rir ou não.

Em um evento do qual participei, um dos palestrantes passou boa parte de sua palestra dando apelidos e fazendo gozações com um empresário obeso sentado na primeira fileira. Em outro, o palestrante se viu em maus lençõis depois de fazer piadas sobre gays. E sei de um palestrante que foi processado por discriminação racial por um dos presentes.

Portanto, se a sua intenção é atender o mundo corporativo com palestras de temas de interesse para esse mercado, lembre-se de que deve manter seu conteúdo e tudo mais dentro dos princípios de ética e respeito, policiando-se para evitar qualquer linguagem, tema ou humor que impróprio para qualquer pessoa que trabalhe naquela empresa. Afinal, naquele momento você está trabalhando para aquela empresa e seu público é seu cliente. Nenhum cliente gosta de ser constrangido, humilhado ou assediado.

22/10/2008

Roupas de risco

Um dos cuidados que as mulheres precisam ter neste segmento é com a roupa. Dependendo do tipo de temas que irão abordar, dos clientes, locais e horários das palestras, a escolha errada da roupa pode causar constrangimentos na hora da palestra.

Digo isto pensando principalmente em palestras feitas dentro de indústrias, onde há restrições a determinados tipos de roupas, como saias, vestidos e sapatos de salto alto. Quando a palestra acontece dentro da área de produção algumas grandes indústrias não permitem a entrada de pessoas com roupas de mangas cavadas, saias, bermudas, sandálias, calçados abertos ou de salto alto por questões de segurança.

Calçados abertos e sem meia aumentam o risco de ferimentos, contaminação e queimaduras com substâncias ou gases que possam vazar e ficar no nível do solo. Saltos altos podem prender em orifícios como chapas perfuradas que são usadas com freqüência em seções de pisos e escadas de áreas industriais. Cabelos longos e soltos podem também representar risco quando muito próximos de máquinas em funcionamento.

Quem faz palestras para empresas que trabalham em turnos também deve se preparar para apresentações no meio da madrugada, o que exige que o palestrante seja precavido no modo de vestir para evitar congelar no meio da palestra.

Quem sonha ser palestrante costuma se imaginar em um palco imenso em um ambiente de luxo, com ar condicionado, falando para uma platéia de executivos de terno e gravata. A realidade é bem outra. É bom se preparar para fazer palestras em tendas, ao ar livre, em fazendas, em barracões adaptados, refeitórios e até na área de produção de algumas indústrias.

A última coisa que você irá querer usar é um terno e gravata em um galpão industrial ou barracão de fazenda onde sua platéia é formada por operários vestidos de macacão ou lenhadores e vaqueiros em roupa de trabalho. Bem-vindo ao mundo real.

09/10/2008

Clima do evento

A experiência tem demonstrado que o clima do evento, que é muitas vezes um reflexo do clima organizacional da empresa cliente. Portanto às vezes é importante gastar algum tempo conversando com o cliente para tentar obter o máximo de informações sobre o clima organizacional.

Seu contato na empresa irá provavelmente tentar explicar organogramas, fluxogramas e tantos outros gramas que não terão tanta importância na hora da palestra ou treinamento como terá o estado emocional dos participantes.

Tente explicar ao cliente que uma palestra de uma hora e pouco não é exatamente uma consultoria, onde você tem dias ou meses de contato, observação e análise antes de propor alguma solução. O palestrante deve navegar no plano conceitual e raramente poderá descer ao plano da prática dos processos da empresa, ou correrá o risco de sua audiência perceber que ele não está totalmente inteirado dos processos e problemas do dia a dia daquela empresa.

Mas voltando ao assunto do clima, este sim deve ser adequadamente medido porque você pode ser o pior palestrante do mundo e sua palestra ser um sucesso porque o público tinha acabado de ganhar na loteria, ou ser o melhor palestrante do mundo e sua palestra ser um fracasso por pegar um público em seu pior dia.

Não sou o melhor palestrante do mundo e nem passo perto disso, mas um de meus fracassos foi uma palestra feita no início da manhã para funcionários de uma agência bancária. Senti-me péssimo com a falta de atenção do público, sua apatia e olhar distante. Isso dos poucos que não olhavam para o chão. O que eu dizia entrava por um ouvido e saía pelo outro sem causar qualquer impacto.

Foi só quando a palestra terminou que a gerente da agência contou algo que não quis contar antes com medo de me deixar desmotivado. A agência tinha sido assaltada no dia anterior e aquele mesmo grupo de pessoas tinha ficado até tarde da noite rendidos sob a mira de pistolas e metralhadoras.



Desperte! É Tempo de Falar em Público    
TANIA CASTELLIANO
Alem de dicas, a autora oferece uma serie de exercicios para melhorar a diccao e aperfeicoar a pronuncia. Praticar e uma das maiores preocupacoes da autora. 


Clique aqui e veja mais detalhes.

Postagens populares