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12/10/2007

Pesquisa sobre o mercado de palestras

Fui entrevistado por um grupo de estudantes para um trabalho de graduação sobre o mercado de palestrantes no Brasil. Vou aproveitar para publicar minhas respostas aqui também:

1. Atualmente, ministrar palestras é sua única atividade profissional?
( ) Sim
( X ) Não

Se não, qual a sua principal atividade profissional?

Atualmente minha principal atividade tem sido os cursos, treinamentos e palestras, mas não a única. Além disso escrevo colunas para revistas segmentadas e traduzo livros acadêmicos. Até recentemente eu prestava consultoria de comunicação e marketing e também lecionava em um curso universitário e em um curso de pós-graduação, atividades que fui obrigado a suspender por faltar tempo em minha agenda, permanecendo apenas com as palestras, treinamentos, traduções e textos.

2. Há quanto tempo você ministra palestras?
( ) Menos de 1 ano
( ) De 1 a 5 anos
( ) De 5 a 10 anos
( X ) Mais de 10 anos

3. Como você se tornou palestrante?

Continuando de forma independente um trabalho de comunicação que já fazia para a empresa da qual era diretor, na qual ministrava palestras de demonstração de serviços para clientes e em eventos para promoção de nossa marca.

4. Por que você ministra palestras?

Hoje a atividade de palestrante e também de ministrar cursos e treinamentos se transformou em minha principal fonte de receita.

5. Você já fez algum curso/treinamento/estudo sobre como falar em público?
( ) Sim
( X ) Não

6. Você acha necessário um estudo formal para se tornar palestrante?
( ) Sim
( X ) Não

Justificativa: Depende da área onde se pretende atuar. Palestrantes que falam basicamente de sua experiência de vida, de superação ou de suas habilidades obviamente não necessitam de uma educação formal, mas esta ajuda em outras áreas como comunicação, conhecimentos gerais, administração de suas atividades, etc.

7. Como você se mantém atualizado sobre a sua área?

Leio muito, além de ser tradutor de livros acadêmicos de administração, marketing e negócios.

8. Você considera importante o uso de recursos tecnológicos em uma palestra?
( ) Sim
( X ) Não

Justificativa: Depende do tipo de palestra e do tema. Palestras-show podem exigir um grande aparato tecnológico para causar impacto. Já palestras voltadas para a disseminação do conhecimento não são tão dependentes de tecnologia.

9. Quais recursos você geralmente usa em suas apresentações?

Notebook e data-show para projeção de slides em PowerPoint, além de microfone e amplificador quando necessário. Nos cursos e treinamentos utilizo ainda clipes de filmes para discussão, testes e dinâmicas de grupo.

10. Você considera importante para um palestrante se associar à uma agência/banco de palestrantes? Justifique.
( X ) Sim
( ) Não

Justificativa: Um palestrante precisa, antes de ser palestrante, ser conhecido, pois ainda que alguém saiba muita coisa, ninguém o contratará para falar se jamais tiver ouvido falar de seu nome. A indicação é grande aliada do palestrante e ela pode vir de uma agência ou banco de palestrantes que acaba, de certa forma, emprestando sua marca e sua referência ao profissional ao indicá-lo. Há empresas que preferem contratar palestrantes através de agências para evitar surpresas com pessoas pouco conhecidas ou às quais falte profissionalismo. Mas a agência precisa ser séria e profissional, e não apenas uma "corretora de palestras". A agência também funciona como uma ramificação a mais do palestrante para vender, porém esse papel perdeu um pouco de sua força com a Internet, já que hoje o próprio palestrante pode ser achado diretamente pelo interessado se tiver uma boa estratégia de marketing e publicidade.

11. Você conhece alguma regulamentação/código de éticas para palestrantes?
( ) Sim
( X ) Não

12. Você acredita que há falta de regulamentação do setor no Brasil? Justifique.
( ) Sim
( X ) Não.

Justificativa: Em minha experiência nunca senti necessidade ou falta de regulamentação para o setor. Mas talvez isso seja característico da atividade, que é extremamente personalizada e independente por sua própria natureza. Eu, particularmente, sou contra a maioria das formas de corporativismo, em especial aquelas que tentam criar reserva de mercado, lobby ou promover inaptos associados em detrimento de pessoas mais aptas, porém marginais ao sistema corporativista.

08/10/2007

Quanto ganha um palestrante em início de carreira?

Um palestrante no início da carreira geralmente não ganha nada. Isso mesmo, geralmente o palestrante atua em alguma profissão e faz palestras gratuitas para divulgar seu produto ou serviços. Comigo foi assim.

Eu já fazia palestras para promover os serviços da empresa da qual era diretor de comunicação e marketing, gerar negócios e manter a marca em destaque em grandes eventos. Também participava de road-shows, quando promovíamos eventos com palestras em algumas capitais convidando clientes em potencial. Obviamente eu já tinha alguns anos de experiência em falar em público, porém mais informalmente.

A maioria dos palestrantes que você encontra foram profissionais em alguma área na qual obtiveram algum conhecimento e habilidades que podem interessar o mercado, por isso passaram a falar disso e, depois que ficaram conhecidos, passaram a cobrar para falar.

Há, porém, palestrantes que "criam" sua profissão lançando-se no mercado com algum tema. Alguns palestrantes conhecidos como "motivacionais" fazem assim, elaborando uma espécie de palestra-show. Mas mesmo assim ninguém irá contratá-los enquanto não forem conhecidos, o que geralmente só acontece com uma boa ajuda de estratégias de publicidade.

A partir do momento em que se torna conhecido, começa a cobrar conforme o valor que seu mercado encontra naquilo que tem para oferecer. Não existe um valor fixo, já que ele pode variar conforme a demanda, a dificuldade do tema, a dificuldade do público (sim, há públicos mais ou menos difíceis de se lidar), a época do ano, a localização do evento (quantos dias serão gastos para chegar lá e voltar), o tipo de transporte a que terá de se sujeitar, a necessidade ou não de se dar um desconto para conquistar aquele cliente em vista de outros trabalhos em potencial... as possibilidades são infinitas.

Como o palestrante é um só, ele nunca será maior que sua própria sombra, isto é, não adianta ele apenas aumentar o número de apresentações para aumentar o ganho. Há a limitação de tempo e espaço: ele não pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Então, se ele tem poucos clientes, talvez precise dininuir o preço (às vezes é preciso aumentar para comunicar valor); se está correndo como louco, sem ter tempo e ganhando pouco, deve controlar a demanda (diminuí-la), porém aumentando o preço. É uma espécie de sintonia fina que precisa fazer o tempo todo para manter uma boa relação entre o número de apresentações e seus rendimentos.

Mas é bom ter em mente que apenas os mais conhecidos e que se destacam por possuírem estilo, conhecimento e experiência singular é que são mais bem remunerados nessa profissão. A maioria dos palestrantes precisa dividir seu tempo entre palestras, aulas, consultoria, serviços de babá, fazer salgadinhos para fora, vender remédio para emagrecer... e por aí vai. Não existe trabalho melhor ou pior, desde que ele seja um meio de se obter um ganho e, ao mesmo tempo, trazer algum benefício às pessoas que pagam por isso.

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