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03/05/2014

O palestrante e a felicidade

Fui contratado por um cliente que pediu uma palestra com o título "Felicidade: o que é e como obtê-la". Confesso que a princípio fiquei sem saber como apresentar um tema assim, pois minhas palestras, apesar de divertidas e bem humoradas, não são no estilo motivacional oba-oba, com bexigas voando e gente se abraçando. Meu estilo está mais para a narrativa e stand up, um contador de histórias sempre fazendo analogias divertidas para os conceitos apresentados.

Por ser cristão e não acreditar em felicidade a menos que a pessoa tenha a questão da eternidade resolvida, a princípio pareceu-me difícil falar de felicidade sem falar de minha fé em Cristo. Mas pensando melhor lembrei-me de cristãos que conheço que são pessoas tão infelizes que prefiro até passar longe delas, pois sua tristeza é contagiante.

Logo percebi que a felicidade não depende do que você é ou do que tem, mas da atitude que demonstra para com as circunstâncias. Então desenvolvi um tema voltado para a felicidade na vida terrena, deixando de fora o aspecto espiritual e eterno que não costumo abordar em minhas palestras, pois muitos clientes não gostariam de ver o palestrante transformar seu evento numa pregação ou sermão.

Fiquei admirado com o que aprendi enquanto pesquisava o tema, e o artigo que li hoje só vem a confirmar isso. A palestra que apresentei no cliente surpreendeu e foi um sucesso maior que o esperado Até a pessoa na empresa que já havia me contratado antes para outro tema se surpreendeu.

Comecei falando das coisas que podem trazer algum tipo de felicidade, porém efêmera, como dinheiro, relacionamentos, emprego, beleza física etc. Mas concentrei-me na técnica para se aprender a ser feliz, independente das coisas e circunstâncias. Falei um pouco dos aspectos da anatomia humana e de como a Área Tegmental Ventral, ou ATV, funciona como centro de produção de dopamina, a substância que nos faz sentir prazer.

Finalmente mostrei como a ciência descobriu que o altruísmo, isto é, ajudar os outros, faz a ATV produzir cinco vezes mais dopamina quando comparado a atividades como sexo e jogos de azar. Moral da história: as pessoas são mais felizes quando ajudam mais outras pessoas. É neste sentido que o dinheiro pode sim comprar felicidade, desde que não seja investido na própria pessoa mas em quem necessita.

Acrescentei algumas características de pessoas felizes, como rir de si mesmo, nunca culpar outros por seus fracassos, ter iniciativa e saber aguardar o pão ficar pronto. Desculpe, mas esta última eu prefiro explicar em minha palestra.

Também dei a receita da INFELICIDADE, para a qual basta cultivar um sentimento de autopiedade, achando que tudo e todos conspiram contra você, e encher o seu cérebro de porcaria, como música ruim, filmes de terror e principalmente telejornais sensacionalistas cheios de perseguições e bandidos.

Agora preciso acrescentar esta informação do artigo da VEJA que fala que adolescentes altruístas são mais felizes. Ou seja, se você quiser passar do status de "aborrescente" para "adolescente" é melhor parar de pensar em satisfazer suas manias, esquecer as espinhas e sair por aí ajudando outras pessoas. Isso vai valer como um tapa na cara da depressão.

Alguns trechos do artigo publicado a Veja resumem o assunto e sua relação com adolescentes:

Uma pesquisa americana mostrou que adolescentes de 15 e 16 anos que consideram prazeroso engajar-se em atividades sociais têm menos chances de desenvolver depressão. O artigo foi publicado na última semana, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences(Pnas). O estudo analisou a atividade de uma região cerebral chamada estriado ventral, que regula a sensação de prazer relacionada à recompensa. Pesquisas anteriores mostraram que a atividade dessa área tende a ser mais intensa em adolescentes, indicando que nessa idade a experiência de prazer e recompensa é mais acentuada do que em adultos ou crianças.

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/adolescentes-altruistas-tem-menos-chances-de-sofrer-depressao-diz-estudo

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